A RELAÇÃO ENTRE ANSIEDADE E DEPRESSÃO E O PAPEL DA TCC NO TRATAMENTO
A ansiedade e a depressão são dois dos transtornos mentais mais comuns na população mundial. Estudos indicam que essas condições frequentemente coexistem, levando a um impacto significativo na qualidade de vida dos indivíduos. A Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC) tem sido amplamente estudada e recomendada como um tratamento eficaz para ambas as condições. Este artigo explora a relação entre ansiedade e depressão, além de demonstrar como a TCC pode auxiliar no manejo desses transtornos.
12/5/20243 min ler


Ansiedade e Depressão: Uma Relação Íntima
Embora sejam condições distintas, ansiedade e depressão compartilham muitos sintomas em comum. Uma pessoa com transtorno de ansiedade pode desenvolver depressão secundariamente devido ao estresse crônico e à limitação que a ansiedade impõe em sua vida. Da mesma forma, indivíduos deprimidos podem experimentar ansiedade intensa, como preocupações excessivas, inquietação e ataques de pânico.
Essa comorbidade é um desafio no diagnóstico e tratamento. A boa notícia é que, ao compreendermos melhor essa relação, podemos otimizar as abordagens terapêuticas.
O que a Neurociência nos Diz?
A neurociência tem avançado muito na compreensão da interação entre ansiedade e depressão. Pesquisas mostram que, embora haja circuitos cerebrais e neurotransmissores específicos envolvidos em cada transtorno, existem também vias neurais comuns entre eles.
Uma das áreas de estudo é o papel dos neurotransmissores. A serotonina, por exemplo, é um neurotransmissor amplamente associado à regulação do humor, sono e apetite. Desequilíbrios nos níveis de serotonina são observados tanto na depressão quanto em diversos transtornos de ansiedade. Outro neurotransmissor importante é o GABA (ácido gama-aminobutírico), que tem um papel inibitório no cérebro e está relacionado à calma e redução da excitação neural. Disfunções no sistema GABAérgico são implicadas em transtornos de ansiedade.
Além disso, estudos de neuroimagem revelam que áreas cerebrais como o córtex pré-frontal (responsável pelas funções executivas), a amígdala (responsável pelo processamento do medo e emoções) e o hipocampo (memória e regulação do estresse) apresentam alterações estruturais e funcionais em indivíduos com ansiedade e depressão. A inflamação neural e o estresse crônico também são investigados como fatores que podem ligar esses dois transtornos em um nível biológico.
O Papel da Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC)
A Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC) é uma abordagem psicoterapêutica com sólida evidência científica para o tratamento tanto dos transtornos de ansiedade quanto da depressão, e é particularmente eficaz quando eles coexistem.
A TCC foca na identificação e modificação de padrões de pensamento disfuncionais e comportamentos que perpetuam o sofrimento. No contexto da ansiedade, a TCC ajuda o indivíduo a questionar pensamentos catastróficos, a desenvolver estratégias de enfrentamento e a expor-se gradualmente a situações temidas. Para a depressão, a TCC trabalha na reestruturação de pensamentos negativos sobre si mesmo, o mundo e o futuro, além de promover a ativação comportamental, incentivando o paciente a retomar atividades prazerosas e significativas.
A beleza da TCC reside em sua abordagem prática e orientada para a solução de problemas. Ao trabalhar a forma como pensamos e agimos, ela nos capacita a desenvolver novas habilidades para lidar com as dificuldades da vida, construindo resiliência e promovendo uma melhora duradoura na qualidade de vida.
Se você se identificou com o que foi dito aqui ou suspeita que possa estar passando por ansiedade e/ou depressão, não hesite em procurar ajuda profissional. Um psicólogo poderá fazer uma avaliação precisa e indicar o melhor caminho para o seu tratamento.
Referências:
Beck, A. T., Rush, A. J., Shaw, B. F., & Emery, G. (1979). Cognitive therapy of depression. Guilford Press. (Esta é uma obra seminal que estabeleceu as bases da TCC para depressão, embora mais antiga, seus princípios permanecem relevantes e são aprofundados em pesquisas mais recentes).
Hofmann, S. G., Asnaani, A., Vonk, I. J. J., Sawyer, A. T., & Fang, A. (2012). The Efficacy of Cognitive Behavioral Therapy: A Review of Meta-analyses. Cognitive Therapy and Research, 36(5), 427-440.
Malhi, G. S., & Mann, J. J. (2018). Depression and anxiety: a common pathology. The Lancet Psychiatry, 5(11), 899-907. (Este artigo de revisão discute a comorbidade e aspectos neurobiológicos).
Panksepp, J. (2004). Affective Neuroscience: The Foundations of Human and Animal Emotions. Oxford University Press. (Embora não seja um artigo específico sobre comorbidade, Panksepp é uma referência importante para entender as bases neurobiológicas das emoções e transtornos afetivos).
Mirella Camilli
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